Neste ano do Centenário,
certamente que têm sido
muito solicitados.
Têm conseguido fazer
face às solicitações?
Claro que sim, apesar das fracas
condições físicas que dispomos.
Em termos humanos, tivemos
um aumento significativo de
bombeiros. Neste momento,
temos mais 12 bombeiros em
relação ao ano passado e, até ao
final do ano, iremos contar com
mais 12 novos bombeiros.
Voluntários
ou profissionais?
Voluntários.
Neste momento, o vosso
quadro activo é constituído
por quantos elementos?
Nós iniciámos o ano com 69
bombeiros. Neste momento, temos
quase 80 e, a partir de Janeiro,
esperamos ter 90 elementos.
O número é suficiente para
fazer face às solicitações?
Neste momento, é. O corpo de
bombeiros tem de se adaptar ao
ritmo do crescimento da cidade
e dos seus peregrinos e turistas,
para fazer face às ocorrências. E
nesse aspecto, estou muito agradado
e completamente descansado,
porque felizmente tudo tem
corrido bem, mas, na verdade,
faltam-nos muitas condições...
Quer especificar?
Nós temos uma casa que está
a rebentar pelas costuras. Se
já era pequena quando aqui
cheguei, há seis anos, neste momento
está a ficar claramente
incomportável, porque tivemos
um crescimento grande, tanto
em viaturas como em meios
humanos. E o problema vai
agravar-se mais ainda…
Porquê?
Porque temos estado a ocupar
uma loja, que foi cedida gratuitamente
pelo Sr. Joaquim
Clemente. A loja foi alugada ou
vendida, vamos ter de sair de lá
a breve prazo e não temos onde
colocar o material, que tem de
estar perto do quartel.
Já têm alguma solução
em vista?
A solução mais viável é colocálo
aqui no quartel, mas vamos
ter de tirar as viaturas que aqui
estão, com todas as consequências
que isso acarreta.
Como é que está a situação
do novo quartel?
Sei que no dia 23 de Outubro
houve uma reunião com um
perito e os proprietários dos
terrenos, onde foi feita uma
avaliação final do valor dos
terrenos, a pedido do Tribunal
da Relação de Évora.
O processo
de expropriação
foi mesmo para a frente?
Está a decorrer um processo
de expropriação com base negocial
e, ao mesmo tempo, um
processo expropriativo. Quando
o processo chegar ao fim, a
câmara adquirirá os terrenos
por base negocial ou então pela
via expropriativa.
As negociações estão
a correr bem?
Têm-me transmitido que sim.
Não está envolvido
no processo?
Não, nem nunca estive. A câmara
é que está a tratar disso. Nós,
associação, fizemos apenas uma
primeira abordagem, porque
queríamos perceber se as negociações
com os proprietários dos
terrenos iriam ser fáceis.
Chegaram a alguma
conclusão?
Na maior parte dos casos até iria
ser fácil, mas alguns proprietários
pediram valores incomportáveis.
Quase que posso dizer
que estava a haver um aproveitamento
para ganharem dinheiro
à custa dos bombeiros.
O projecto do novo quartel
já está concluído?
Tanto o projecto de arquitectura
como as especialidades estão
prontos, mas só serão aprovados
quando houver terrenos. Os
documentos necessários para o
lançamento do concurso também
já estão preparados. Mal
os terrenos passem para a posse
da associação, entregaremos de
imediato o projecto para aprovação
e de seguida lançaremos
o concurso público para a construção
do quartel.
Já abordou esta questão
com o novo executivo
municipal?
O novo executivo tomou posse
no dia 23 de Outubro. Achámos
por bem esperar até ao fim da
semana para se inteirarem dos
processos. A primeira coisa
que fiz quando cheguei aqui ao
quartel hoje de manhã (30 de
Outubro) foi enviar um ofício
a solicitar uma reunião com o
novo executivo.
Está a contar com o apoio
do novo executivo?
Claro que sim!
Sabemos que a localização
não reúne consenso
absoluto…
Para lhe ser sincero, só os jornais
é que mencionaram que a
localização não era consensual.
Alberto Caveiro, presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Fátima
“Nós temos uma casa a rebentar pelas costuras”
A Associação Humanitária
de Bombeiros Voluntários
de Fátima realiza
no próximo dia 24
de Novembro a sua
assembleia-geral. Em
entrevista, o presidente
da direcção, Alberto
Caveiro, faz o balanço
deste ano do Centenário
e levanta algumas
questões e preocupações.
A Associação Humanitária
dos Bombeiros Voluntários
de Fátima vai lançar uma
campanha de crowdfunding
(financiamento cooperativo)
para adquirir uma nova
ambulância de socorro. De
acordo com o presidente da
direcção, Alberto Caveiro,
as quatro ambulâncias de socorro
da instituição não são
suficientes para responder às
solicitações que chegam diariamente
à corporação.
“Este ano, tivemos dias em
que recebemos perto de 30
ocorrências de emergência
médica”, revela o responsável,
que acrescenta ainda: “Nós
tínhamos uma ambulância de
transporte múltiplo, mas está
na oficina, o motor rebentou,
e faz-nos falta. Não podemos
deixar de socorrer as populações
por falta de meios. Isso
não pode acontecer. Então, decidimos
avançar com a compra
de uma nova ambulância, no
valor de 55 mil euros, e achamos
que a forma mais correcta
de o fazer é pedir à população
que nos ajude doando uma pequena
verba (no valor de 25 ou
30 euros), em vez de estarmos
a pedir verbas avultadas”.
Segundo Alberto Caveiro,
vai ser possível acompanhar
a evolução da campanha na
internet. “Penso que com o pequeno
contributo de cada um
vai ser fácil alcançar o nosso
objectivo”, refere.
“A questão dos incêndios
florestais não é uma preocupação
tão grande aqui na
freguesia de Fátima, comparativamente
com as freguesias
do norte do concelho”,
reconhece Alberto Caveiro,
acrescentando que a freguesia
de Fátima é mais urbana.
Ainda assim, o responsável admite
que a hipótese de ocorrer
um incêndio urbano na cidade
de Fátima não está descartada.
E salienta que, “por norma, os
incêndios urbanos são mais
complicados, mais dispendiosos,
provocam mais vítimas e os
prejuízos são mais avultados”.
Alberto Caveiro assegura que
os bombeiros de Fátima estão
preparados para responder aos
incêndios florestais. No caso
dos incêndios urbanos, o dirigente
não tem tanta certeza.
“Faz muita falta em Fátima
uma equipa de intervenção
permanente, para podermos
responder ao minuto”, reconhece.
E exemplifica: “Se tivermos
num dia de semana uma ocorrência
grave num hotel, não
conseguimos sair ao minuto,
porque não temos os bombeiros
necessários para isso”.
“Nós tivemos à altura do incêndio
do Moimento porque
tivemos os meios necessários.
Mas se houver um incêndio
num hotel e se não tivermos
uma equipa de primeira intervenção,
pode acontecer uma
catástrofe”, afirma. E deixa o
alerta: “Nós não temos uma
auto-escada. A nossa estava velhinha
e avariou, está arrumada
a um canto. Se houver na cidade
uma situação mais complicada,
temos de contar com o apoio
das corporações vizinhas”.
“Nesta história da protecção
civil, os bombeiros são sempre o
parente pobre, mas são os únicos
que trabalham”, comenta Alberto
Caveiro, a propósito dos incêndios
deste Verão, que causaram
dezenas de vítimas mortais. E
acrescenta: “O orçamento geral
para os 411 corpos de bombeiros
do país é cerca de 26 milhões de
euros. Se nós pensarmos que o
orçamento para a limpeza das
linhas férreas é superior a isso,
se nós pensarmos que o orçamento
dos sapadores de Lisboa é
praticamente isso, alguma coisa
vai mal neste país”.
“Nós andamos sempre a ‘inventar’
dinheiro, andamos
sempre a pedir às populações,
e depois vem o nosso primeiro-
ministro dizer que nós
devíamos profissionalizar os
bombeiros”, refere ainda o responsável,
que concorda com
a medida, mas só se houver
dinheiro para isso.
Alberto Caveiro aproveita
para agradecer, em nome da
direcção, a todos os bombeiros
que estiveram a combater
o incêndio do Moimento.
Directamente, nunca ninguém
me disse isso. Essa fase, da escolha
da localização, já está ultrapassada.
Nós tínhamos quatro
ou cinco opções, que, na altura
própria, foram apresentadas à
Câmara Municipal e à Autoridade
Nacional de Protecção
Civil. Os técnicos da Autoridade
Nacional de Protecção Civil deslocaram-
se ao local e decidiu-se
consensualmente que a localização
escolhida era a melhor
opção. Essa fase já está ultrapassada,
não andamos aqui a perder
tempo, nem a deitar dinheiro à
rua. Há boa maneira portuguesa,
surgiram várias opiniões. Fala-se
muito que devíamos estar perto
da auto-estrada, o que não é necessariamente
importante. Nós
temos é que prestar o devido
socorro à população.
A direcção dos bombeiros
tem levado a cabo vários
eventos e campanhas
de angariação de fundos
para o novo quartel, que
está avaliado em cerca
de um milhão e quinhentos
mil euros. A população tem
aderido a essas iniciativas?
Já existe uma verba
significativa para avançar
com a obra?
Nós já temos uma verba significativa
para avançar com a obra.
Felizmente, temos tudo pago,
não devemos nada a ninguém.
Posso dizer-lhe que temos cerca
de 400 mil euros em caixa, é uma
verba significativa para avançar
com a obra, mas também contamos
com os apoios dos fundos
comunitários e da Câmara Municipal
de Ourém.
“Os bombeiros são sempre o parente pobre”
Bombeiros
lançam campanha
para aquisição
de uma ambulância
de socorro
“Faz muita falta em
Fátima uma equipa
de intervenção
permanente, para
podermos responder
ao minuto. Se tivermos
num dia de semana uma
ocorrência grave num
hotel, não conseguimos
sair ao minuto, porque
não temos os bombeiros
necessários para isso.”
“Nós iniciámos o ano
com 69 bombeiros.
Neste momento, temos
quase 80 e, a partir de
Janeiro, esperamos ter
90 elementos.”
“Mal os terrenos
passem para
a posse da associação,
entregaremos de
imediato o projecto
para aprovação
e de seguida lançaremos
o concurso público
para a construção
do quartel.”
“Posso dizer-lhe que
temos cerca de 400 mil
euros em caixa,
é uma verba significativa
para avançar com
a obra, mas também
contamos com os apoios
dos fundos comunitários
e da Câmara Municipal
de Ourém.”
A primeira coisa que
fiz quando cheguei
aqui ao quartel hoje de
manhã (30 de Outubro)
foi enviar um ofício a
solicitar uma reunião
com o novo executivo.
“Não podemos deixar
de socorrer
as populações por falta
de meios. Isso não pode
acontecer.”
b. v. fátima
5.985 Total de Serviços
efectuados pelos B. V. Fátima
2017
Dados estatísticos
105 Serviços de Riscos
Tecnológicos
104 Serviços de Riscos Mistos
5.602 Serviços de Protecção
e Assistência a Pessoas
e Bens
174 Serviços de Operações
e Estados de Alerta
278.825 Kilometros percorridos
nos diversos serviços
efectuados
Fonte: Bombeiros Voluntário
de